Discurso de posse do juiz Cleofas Coelho na presidência da AMARN
Magistrados, senhoras e senhores.
Sem dúvida, este é um dos momentos mais marcantes da minha carreira profissional. Assumir a responsabilidade de representar todos os magistrados de meu Estado e iniciar essa solenidade encontrando familiares, amigos e autoridades prestigiando a posse de toda diretoria da Associação de Magistrados do Rio Grande do Norte para o triênio 2015/2018, é motivo de orgulho, muito orgulho.
E, para tentar explicar esse orgulho, somente voltando no tempo e pedindo permissão a platéia para fazer uma breve cronologia, ao relembrar o já longínquo outubro de 1990, quando ingressei na magistratura e os 60 novos juízes de minha turma foram recepcionados pelos dirigentes da AMARN, cuja presidência cabia ao juiz Guilherme Pinto, magistrado que modificou a forma de gerir a associação, tornando-a mais proativa em favor dos direitos e prerrogativas dos magistrados.
Menos de seis meses depois, em março de 1991, houve eleição para a AMARN e eu, acompanhado de pouquíssimos colegas de turma, pois todos éramos juízes substitutos; apoiamos a chapa da situação que se viu perdedora, mas estávamos ali, firmes, fortes e com os mesmos ideais democráticos e éticos de independência e particippação da magistratura nos caminhos do Poder Judiciário.
Em 2006, sob a presidência do juiz José Conrado, com menos de seis anos de carreira, pessoalmente passei a integrar a diretoria da AMARN, como diretor administrativo e até hoje sempre participei das diretorias, pois já em 2008, graças ao esforço pessoal do juiz Azevêdo Hamilton e ao meu também, graças a coragem do juiz Mádson Ottoni de se candidatar pela segunda vez a presidência, fizemos o grupo renascer e enfrentar mais uma eleição, dessa vez com sucesso.
De 2008 até hoje foram presidentes da AMARN o próprio Mádson Ottoni, cuja ausência é sentida nesta solenidade; mas justificada por estar cumprindo obrigações acadêmicas fora de nossoa Estado; o juiz Azevêdo Hamilton, parceiro e amigo querido que adotei como irmão na magistratura; e a gestão que hoje se encerra da competentíssima Hadja Rayanne, juíza que a cada dia nos surpreende com seu poder de solução de problemas.
Esses quase dez anos participando ativamente dos destinos de nossa associação, trabalhando pela magistratura potiguar, nos consolidaram a responsabilidade que é assumir a presidência da AMARN, da importância desta associação no cenário estadual e quiça nacional, bem como do momento crítico que passa nosso Poder Judiciário local.
Esses quase dez anos, senhoras e senhores, nos fizeram também consolidar a ideia de que a AMARN não se presta para engrandecer currículo ou para realização de projetos pessoais, este é o diferencial deste grupo, pois a política associativa não possui fim em si mesma, mas é o meio de canaliza os anseios da magistratura, e o braço político dos juízes e a voz da magistratura potiguar.
A magistratura potiguar possui excelentes juízas e juízes e esses magistrados possuem a consciência de suas responsabilidades, sabedores de que não há democracia, nem desenvolvimento social e econômico, sem um Judiciário forte, célere e independente.
A associação dos magistrados enxerga com clareza que os tempos atuais exigem mudanças de paradigmas, estamos vivendo uma revolução nas práticas judiciais, saindo,por exemplo, do processo fisico com várias páginas e até volumes para um processo virtual, totalmente eletrônico, mas quero chamar a atenção que essas mudanças devem ser acompanhadas de estrutura de trabalho, pois a judicialização dos atos da vida comum tem se exacerbado, todos procuram o Judiciário para solução dos problemas e os magistrados potiguares necessitam de estrutura física e de pessoal para entregar a prestação jurisdicional efetiva.
Senhoras e senhores, além de exigir e cobrar ações do Poder Judiciário, é preciso dar o devido valor aos seus verdadeiros protagonistas. A sociedade potiguar precisa conhecer e reconhecer o valor dos seus juízes, os quais trabalham diuturnamente em prol da sociedade, seja num Tribunal do júri que perdura por dois ou três dias ininterruptos, seja no controla de uma crise em uma penitenciária que adentra pela madrugada ou num mutirão de audiências de mil processos durante uma semana para dois juízes. Esses exemplos são retirados de nossa realidade e de pouco ou nenhum conhecimento pela sociedade.
Nossa magistratura precisa desse reconhecimento, pois a falta de valorizaçãoo tem refletido na autoestima dos juízes e isso é absolutamente preocupante. Pudemos reconhecer esse fato durante a campanha eleitoral.
Dentro desse momento, quero garantir aos meus colegas que trabalharei incansavelmente em prol da valorização da magistratura potiguar, esse é o motivo de meu orgulho.
Procurando não me alongar muito, gostaria de registrar também que faremos uma luta igualmente incansável por aqueles que outrora exerceram de forma altaneira a magistratura e que hoje gozam da aposentadoria. A todos os magistrados aposentados a garantia do meu empenho pessoal em favor de nossos direitos.
Registro, já encerrando, o carinho e admiração por cada um dos que compoem a diretoria. Juízas e juízes abnegados que dedicam sua vida a magistratura e ainda arrancam a fórceps um pouco de seu tempo para dedicar-se a coletividade. A experiência, entretanto, já me permite afirmar, vale a pena ! A vocês, meu reconhecimento.
Uma saudação, gostaria de fazer, aos ex-presidentes da AMARN que aqui estão presentes e que certamente servirão de inspiração e aconselhamento durante nossa gestão.
Saudação especial, gostarua de fazer a minha esposa, companheira de todas as horas e cabo eleitoral, Kalina Correia que sempre apoiou o desafio e é uma fiel incentivadora desse trabalho. Às minhas filhas Bárbara e Sofia, a quem dedico minha vida, peço desculpas pelo tempo que khes roubei para me dedicar a judicatura e a associação, mas também como incentivadoras dessa missão, estou certo que vocês saberão entender. Agradeço imensamente a Deus poder compartilhar minha vida ao lado de vocês tres, razão pela qual dedico este momento profissional.
À minha mãe Maricel, aqui presente, igualmente dedico este momento de alegria em minha carreira, sabendo que ela está se realizando a ver um filho galgar esses passos com honestidade e ética, ensinamentos que me foram passados por ela durante anos de dedicação e amor. Sinto a ausência do meu pai, mas também reconheço todo o esforço que me foi feito e ensinamentos passados.
Agradeço a presença de todos os presentes, autoridades, amigos, colegas de trabalho, mas agradeço especialmente as inhas irmãs Débora e Ângela pelo apoio e amor recíprocos.
Despeço-me, já tomado pela emoção. Agradeço a Deus por me incumbir de tão importante missão, representar a magistratura potiguar, mas provavelmente esse “frio” é proporcional ao “cobertor”. Muito Obrigado !
Juiz Cleofas Coelho de Araújo Júnior
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