Discurso da juíza Hadja Rayanne de despedida da presidência da AMARN

Discurso da juíza Hadja Rayanne de despedida da presidência da AMARN

DISCURSO DE DESPEDIDA DA AMARN 

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da vida removendo pedras e plantando flores.” CORA CORALINA

Prezados magistrados, membros do Ministério Público, advogados, servidores, convidados e demais autoridades. Minhas senhoras e meus senhores.

Comecei meu último discurso nesse mesmo recinto, três anos atrás dizendo aos presentes da minha alegria em assumir a AMARN. Repito agora essa afirmação… Em que pese as muitas pedras que se apresentaram a esta gestão de mais de mil dias, mantenho meu espírito de alegria e de esperança. Mormente nesse momento tão difícil que atravessa o Judiciário Potiguar é preciso cultivar a resiliência, mas não a resiliência pesada e infeliz, mas uma atitude de esperança de quem tem a certeza de que todas as crises passam, que as pedras são removidas e que o futuro nos pertence. Nos cabe construí-lo.

Não vou aqui falar de realizações e conquistas. Elas aconteceram. Essa gestão se empenhou por cada uma delas. Não queremos louros nem congratulações. Fizemos porque era nosso dever lutar pela magistratura e pelo Poder Judiciário. Fizemos porque algumas batalhas são necessárias e as melhores. E nos honram penas travá-las, independentemente de resultados vitoriosos ou não.

Me desculpo desde já pelas expectativas e pleitos que não fui capaz de atender e principalmente pelos erros cometidos nesse caminho que foi difícil em muitos momentos. Esses erros foram todos meus e aconteceram à mingua do meu sincero desejo de acertar e certamente à mingua dessa fantástica diretoria que me apoiou e sempre procurou conduzir a AMARN nos melhores caminhos institucionais.

Permitam aqui homenagear minha diretoria. Que todos fiquem de pé e recebam uma alva de palmas. Vocês foram nesses três anos, o coração e a alma da AMARN. A vocês deixo minha homenagem na palavras de Shakespeare, em Henrique V: “Nós esses poucos; nós um punhado de sortudos; nós um bando de irmãos… pois quem hoje derrama seu sangue junto comigo passa a ser meu irmão. Pode ser homem de condição humilde; o dia de hoje fará dele um nobre.”

A vocês que integraram essa diretoria e lutaram essa batalha comigo, com disponibilidade e nobreza, o meu penhorado obrigado. Como também meu obrigada aos meus funcionários mais diretos Teresa, Ricardo e Kely. Vocês foram meus anjos guardiões nesse período turbulento. Meu obrigada a Adalgisa Emídia, assessora de imprensa que me socorreu em muitos momentos e a Carlos Kelsen pela competente assessoria jurídica.

Destaco ainda meu agradecimento a todos os colegas que integraram as gestões com as quais convivi ao longo desse período. Os Desembargadores Judite Nunes, Aderson Silvino e Cláudio Santos, aos colegas que os assessoraram diretamente Guilherme Pinto, Érica Paiva, Fábio Filgueira, Raimundo Carlyle e agora mais recentemente Ticiana Nobre e Francisco Seráphico. Faço questão de citá-los até como forma de compensação pela inúmeras vezes que os importunei, aborreci e inquietei. Agradeço a paciência e fidalguia com que sempre me trataram pessoal e institucionalmente.

Ao meu amado Paulo, amor da minha vida, reitero a você todas as palavras apaixonadas ditas em privado e em público, dedico o meu obrigada. Não muitos homens têm a grandeza de acompanhar suas mulheres em jornadas como essa. E de abdicar da sua presença e companhia para dar-lhe a liberdade de perseguir seus ideais e de ser mais. Sei que você sofreu muito nesse período. Sofreu assistido minha aflição diante de dificuldades muitas vezes intransponíveis e, em alguns momentos, irresignado com críticas a mim dirigidas e que seu olhar de amor sempre considerou injustas. Obrigada mais um vez. Te amo mais que há mil dias.

Deixo claro, nessa hora derradeira, mais uma vez o respeito que a AMARN sempre teve para com os servidores do Poder Judiciário, visto pela nossa instituição como indispensáveis ao serviço jurisdicional, prezados pelos magistrados na sua convivência diária. A eles reitero o meu respeito e apreço, postura que mantivemos durante toda a nossa gestão, lamentando entretanto as posturas destrutivas adotadas pela entidade que os representa.

Volto agora meu olhar para o presente e para o futuro. Falo à magistratura potiguar hoje desestimulada pela falta de estrutura, assoberbada pela demanda crescente, acabrunhada pela falta de horizontes, atacada maldosa e injustamente por entidades pouco comprometidas com o Poder Judiciário e com o jurisdicionado.

A essa magistratura conclamo à confiança e à esperança. Conclamo a esses 212 homens e mulheres que hoje são responsáveis pela distribuição de Justiça a mais de três milhões de pessoas a não se intimidarem. Aos que buscam atingir a magistratura com a mentiras e conclamam a hostilidade, fica nossa palavra que iremos retaliar duramente: com o equilíbrio, com a verdade, com a ética e com o nosso compromisso irretratável de construir um Poder Judiciário melhor. E faremos isso porque nos lembra Monhandas Gandhi: “O mundo está farto do ódio.” Ao final, o tempo que é o juiz das instituições, irá desvendar todas as coisas e descortinar todos os propósitos.

Por fim ao meu amigo Cleófas Coelho de quem doravante terei a honra de ser liderada. Desejo a você e a nova diretoria toda a sorte e sucesso na nova missão. Sei, pela qualidade da magistratura que integra a nova gestão, que muitas realizações nos aguardam. A AMARN irá transformá-los em magistrados mais preocupados. Mas em profissionais muito melhores.

Por fim e para cumprir meu compromisso de ser breve, peço apenas a vênia de encerrar esse discurso com algumas palavras do poeta Roberto Carlos, que expressam meu amor à AMARN- Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte, essa sexagenária senhora que me fez mais forte e mais humilde, e cada dia mais apaixonada e comprometida com a magistratura:

De tanto amor 

Ah! Eu vim aqui amor só para me despedir
E as últimas palavras desse nosso amor, você vai ter que ouvir
Me perdi de tanto amor, ah eu enlouqueci
Ninguém podia amar assim e eu amei
E devo confessar, aí foi que eu errei
Vou te olhar mais uma vez, na hora e dizer adeus
Vou chorar mais uma vez quando olhar nos olhos seus
A saudade vai chegar e por favor meu bem
Me deixe pelo menos só te ver passar
Eu nada vou dizer perdoa se eu chorar.”

Obrigada.

Juíza Hadja Rayanne de Holanda Alencar

Fonte: post

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