Magistrado do TJRN lança hoje (7) livro sobre atuação do Judiciário na gestão do sistema prisional

Magistrado do TJRN lança hoje (7) livro sobre atuação do Judiciário na gestão do sistema prisional

O juiz Ricardo Cabral Fagundes, titular da Vara Criminal da comarca de Currais Novos, lança hoje (7) o livro “O Sistema Prisional Brasileiro frente a Omissão Estatal e ao Estado de Coisas Inconstitucional”, pelo Caravela Selo Cultural. O autor destaca a atualidade do tema, frente aos recentes massacres de presos ocorridos em estabelecimentos prisionais brasileiros, como na Penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta. O lançamento ocorre no restaurante Santa Maria, em Natal, das 15h às 19h.

No livro, Ricardo Cabral Fagundes traça um panorama do sistema prisional e defende que diante da inércia dos Poderes Executivo e Legislativo para reduzir a discrepância observada entre a legislação e a prática corrente, o Judiciário possa intervir subsidiariamente, definindo e executando a política pública prisional. A publicação é resultado de sua dissertação de mestrado, fruto de parceria entre a Escola da Magistratura (Esmarn) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O autor analisa decisões do Supremo Tribunal Federal, como a que reconheceu ser lícito ao Judiciário impor à administração pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais, com fundamento na supremacia da dignidade da pessoa humana.

Para o juiz, por um lado, a omissão estatal ofende os direitos fundamentais dos encarcerados e resulta, em outro plano, em prejuízo irreparável ao direito à segurança pública da coletividade, aviltado pelas inúmeras fugas de presos e pelos alarmantes índices de reincidência.

Sobre o “estado de coisas inconstitucional” relativamente ao sistema penitenciário brasileiro, Ricardo Cabral se detém sobre o julgamento pelo STF da ADPF 347 MC/DF, que reconheceu tal condição diante da violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais e da falência de políticas públicas.

Observando o princípio da separação dos poderes, o autor defende que o Poder Judiciário tenha uma participação mais ativa, para além da declaração do estado de coisa inconstitucional, atuando para a real efetivação dos direitos fundamentais na execução penal, considerando a possibilidade de uma atuação supletiva no controle da política pública a ser desenvolvida nessa área.

“A alteração deste quadro demanda, portanto, uma modificação completa da política penal e prisional brasileira, no sentido de voltar-se o foco para a prevenção ao crime e para a reinserção social mediante respeito à dignidade humana dos presos, tarefa complexa que deve ser assumida em conjunto pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, afirma o magistrado.

Fonte: TJRN

Fonte: post

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